A arte contemporânea quer você!

Postado por Indira Brígido On terça-feira, maio 13, 2014
A maioria de nós certamente já passou por uma situação em que ao entrar no museu se deparou com aquele objeto estranho, não identificado e totalmente aleatório ali dentro. Aí você pensa: "Até eu poderia fazer isso!", "Por que isso está aqui?", "Uma criança faz igual ou melhor", "O que isso tem de útil na minha vida?", e como um cearense poderia perguntar "O que diabo é isso?!". São várias as afetações que podem nos acontecer quando entramos em contato com uma obra incomum de nosso cotidiano, e isso é completamente natural para o processo de observação da maioria das obras modernas e contemporâneas. 

O brasileiro comum da classe média geralmente entra em museu (e quando tem o interesse pela visita) somente ao viajar. Geralmente são museus históricos e clássicos que são convencionais nas suas disposições do espaço utilizado, ou seja, molduras e quadros pendurados e centralizados nas paredes com a iluminação própria. Sempre há uma linha que não pode ser ultrapassada e, jamais, em hipótese alguma, é permitido encostar em qualquer obra. Sentiu-se familiarizado(a) ? Se a resposta for não, das duas uma: ou você não frequenta museu, e consequentemente é improvável de estar lendo esse texto; ou você visita muitos tipos de lugares que recebem diversas propostas artísticas, melhor ainda! 

Acredito que os museus menos visitados são os contemporâneos, e eu não culpo àqueles que deixam de visita-los por seguir uma ordem cronologicamente correta na história da arte (eu me incluo). Por exemplo, eu primeiro visito o de História Natural para, posteriormente, visitar o Guggenhein. Digamos agora que você finalmente entrou naquele museu moderno e se deparou com uma pintura toda preta, por que parar e olhar para esse quadro? Aquele mictório do Duchamp te causou algum espanto? E um quadro com somente três listras de cores? É isso mesmo que eles, os artistas, querem de você: a criação da estranheza neles e sua, atingir a diferença em você, fugir do padrão, mudar de visão de mundo, mudar o seu dia, mudar o modo como você encara a sua vida e se relaciona com as pessoas ao seu redor.

Aqui eu fiz um embolado dos períodos moderno e contemporâneo das artes e suas quebras dos métodos convencionais, porém todos têm esse incômodo em comum nas suas rupturas e essas manias de afetar o observador da obra. Não se sinta ofendido com essas perguntas que eu citei no início do texto, elas fazem parte da obra, você faz parte da obra, e esse processo é de extrema importância para a renovação dos trabalhos desses artistas "contiporâneos". Vamos lá! Ver coisas estranhas nos renovam, nos inovam, criam questionamentos em nossas cabeças capazes de mudar o nosso olhar para aquele mesmo caminho que você percorre para o trabalho cinco vezes na semana, vinte no mês, duzentas e quarenta ao ano. Convida sua mãe para aquela  exposição maluca de gatos vesgos vermelhos de três patas do oriente médio (que exemplo!), eu garanto que ela vai te afetar de algum modo, ela te quer e você inconscientemente quer ela também, acredite.

Como li no texto de Suely Rolnik sobre Lygia Clark, vamos desfetichizar o objeto de arte e o artista! Ele pode ser o mais ordinário possível e, secretamente, conter uma potência artística assustadora capaz de reviravoltas em nossas vidas.




1 Response to 'A arte contemporânea quer você!'

  1. Janaína Bento said...
    http://entreoutrasdancas.blogspot.com/2014/05/a-arte-contemporanea-e-suas-manias-de.html?showComment=1411826889925#c2803499689388063810'> 27 de setembro de 2014 às 11:08

    Visitei pouquíssimos museus em minha longa vida, sendo que 99,99% Históricos (Naturais e/ou Arqueológicos), acho q o único contemporâneo q fui foi o do Dragão do Mar. Gostaria de poder viajar p/ conhecer vários museus. Fiz isso durante minha breve viagem à São Luís e nem pude conhecer tds por causa do tempo.
    Parabéns pela escrita, é muito palatável.

     

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Sobre

Estudante do 6º semestre de Dança Bacharelado na Universidade Federal do Ceará. Amante de ballet clássico e fotografia. O blog é um lugar para discutir e divulgar as danças que me atravessam.

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