Nosso amigo plié

Postado por Indira Brígido On sábado, setembro 27, 2014 0 comentários
Toda aula de ballet clássico, ou 99% delas, inicia-se com um exercício chamado plié. O grande, o famoso, o mal falado, o tão brincado plié. Fui ao dicionário entender os significados do que estamos falando e pesquisei no Larousse da minha casa, encontrei o verbo plier. Com a ajuda do Google tradutor, porque eu não sei nada de francês, cheguei na seguinte definição: dobre uma parte sobre a outra - uma folha. Curva. Flexão. Ceder. A tradução de plié do próprio Google: vincado, dobrado. Com mais ajuda do dicionário de sinônimos: amassado. São muitas imagens corporais para um só movimento! 

A gente começa por ele nos exercícios para alongar e exercitar o nosso en dehors (que significa fora), e a rotação externa do quadril . Porém, plié não é só o dobramento de pernas, flexão da coxa e abertura de quadril. O abdômen é contraído, o esterno é acalmado, as escápulas escorregam para baixo, o pescoço alonga, a cabeça e o olhar mantém-se direcionados para o horizonte e os braços seguem a linha dos ombros estendendo-se constantemente. O corpo movimenta-se para cima. Uma imagem desse movimento seria uma mola que ao ser prensada mantém a força para cima e não para de esticar-se ao tentar retornar para seu tamanho original. A espiral que transpassa por todo o corpo no plié acorda a musculatura para a aula. 

Podemos fazer de várias maneiras o plié. A partir da curva da perna, do peso que cede, da flexão de articulações, do dobrado dos membros inferiores, do amassado da carne... São infinitos métodos de se pensar o movimento que envolvem o corpo inteiro e que eu acredito que todos criam corpos diferentes em nós mesmos. Quando criamos a imagem em nossa mente de como o corpo está se movimentando potencializamos o movimento. Não quer dizer que esteticamente sejam pliés diferentes quando experimentados uma ou duas vezes, mas mais importante, a diferença se dá no bailarino que cria o exercício, o formando e o deformando.  

Geralmente os professores de clássico não variam na criação para o imaginário dos alunos porque não é o objetivo deles, mas isso não quer dizer que todas essas outras maneiras de se pensar são inexistentes. Agora imaginem para os outros exercícios do ballet, quantas imagens podemos criar e recriar o ballet? Com a ajuda de metáforas o corpo se expande para diferenças. É um infinito criativo dentro do antigo universo do ballet clássico que o torna maleável e receptível de novas proposições criadas na contemporaneidade.

A arte contemporânea quer você!

Postado por Indira Brígido On terça-feira, maio 13, 2014 1 comentários
A maioria de nós certamente já passou por uma situação em que ao entrar no museu se deparou com aquele objeto estranho, não identificado e totalmente aleatório ali dentro. Aí você pensa: "Até eu poderia fazer isso!", "Por que isso está aqui?", "Uma criança faz igual ou melhor", "O que isso tem de útil na minha vida?", e como um cearense poderia perguntar "O que diabo é isso?!". São várias as afetações que podem nos acontecer quando entramos em contato com uma obra incomum de nosso cotidiano, e isso é completamente natural para o processo de observação da maioria das obras modernas e contemporâneas. 

O brasileiro comum da classe média geralmente entra em museu (e quando tem o interesse pela visita) somente ao viajar. Geralmente são museus históricos e clássicos que são convencionais nas suas disposições do espaço utilizado, ou seja, molduras e quadros pendurados e centralizados nas paredes com a iluminação própria. Sempre há uma linha que não pode ser ultrapassada e, jamais, em hipótese alguma, é permitido encostar em qualquer obra. Sentiu-se familiarizado(a) ? Se a resposta for não, das duas uma: ou você não frequenta museu, e consequentemente é improvável de estar lendo esse texto; ou você visita muitos tipos de lugares que recebem diversas propostas artísticas, melhor ainda! 

Acredito que os museus menos visitados são os contemporâneos, e eu não culpo àqueles que deixam de visita-los por seguir uma ordem cronologicamente correta na história da arte (eu me incluo). Por exemplo, eu primeiro visito o de História Natural para, posteriormente, visitar o Guggenhein. Digamos agora que você finalmente entrou naquele museu moderno e se deparou com uma pintura toda preta, por que parar e olhar para esse quadro? Aquele mictório do Duchamp te causou algum espanto? E um quadro com somente três listras de cores? É isso mesmo que eles, os artistas, querem de você: a criação da estranheza neles e sua, atingir a diferença em você, fugir do padrão, mudar de visão de mundo, mudar o seu dia, mudar o modo como você encara a sua vida e se relaciona com as pessoas ao seu redor.

Aqui eu fiz um embolado dos períodos moderno e contemporâneo das artes e suas quebras dos métodos convencionais, porém todos têm esse incômodo em comum nas suas rupturas e essas manias de afetar o observador da obra. Não se sinta ofendido com essas perguntas que eu citei no início do texto, elas fazem parte da obra, você faz parte da obra, e esse processo é de extrema importância para a renovação dos trabalhos desses artistas "contiporâneos". Vamos lá! Ver coisas estranhas nos renovam, nos inovam, criam questionamentos em nossas cabeças capazes de mudar o nosso olhar para aquele mesmo caminho que você percorre para o trabalho cinco vezes na semana, vinte no mês, duzentas e quarenta ao ano. Convida sua mãe para aquela  exposição maluca de gatos vesgos vermelhos de três patas do oriente médio (que exemplo!), eu garanto que ela vai te afetar de algum modo, ela te quer e você inconscientemente quer ela também, acredite.

Como li no texto de Suely Rolnik sobre Lygia Clark, vamos desfetichizar o objeto de arte e o artista! Ele pode ser o mais ordinário possível e, secretamente, conter uma potência artística assustadora capaz de reviravoltas em nossas vidas.




FotoMovimento

Postado por Indira Brígido On quinta-feira, fevereiro 06, 2014 0 comentários
Eu sempre tive vontade de fazer fotos da movimentação de outras pessoas, uma foto feita com a dança daquela pessoa, com as características únicas dela. O ambiente deveria ser o mais próximo do que o artista fotografado frequenta, ou um local que atravesse as mesmas questões que ele vive (acho que devem ser os mesmos). Eu selecionei essas fotos de estúdio porque o local não é o foco, o assunto problematizado é o corpo e suas possibilidades. Apesar de nessas selecionadas só serem corpos virtuosos, eu gostaria de fotografar qualquer corpo em qualquer lugar.

Existe um projeto chamado Ballerina Project que posiciona a bailarina em uma espacialidade outra na cidade, em lugares incomuns. Tive um professor de fotografia que falava que certas fotos o faziam parar de respirar e as desse projeto com certeza me transpassam essa mesma sensação. Gostaria muito de alcançar a essência de um bailarino fazendo suas fotos. Eu sei que toda essa ideia de capturar o elemento único de alguém demanda processo e técnica, e me pergunto se é preciso eu conhecer a pessoa antes de fotografa-la. Bom, é pra isso que a gente pega os amigos e vai testando.

Essas fotos seguintes eu encontrei no Pinterest.




















[Estação Férias] Bienal Internacional de Dança do Ceará

Postado por Indira Brígido On quinta-feira, janeiro 30, 2014 0 comentários
Está acontecendo aqui em Fortaleza a reapresentação de alguns espetáculos de dança que ocorreram na Bienal Internacional de Dança do Ceará de 2013. É chamada Estação Férias e acontecerá nos dias 29, 30 e 31/01 na Praça do Ferreira.

Fui ontem, quarta 29. Assisti ao final da aula pública de ballet clássico na barra com Ernesto Gadelha, e logo depois de dança contemporânea com Paulo Caldas. Confesso que assisti de longe, sentada e de lado. Os alunos eram conhecidos, da graduação, do curso técnico, de academias da cidade, enfim, do meio que nós artistas cearenses compartilhamos e criamos juntos (ou tentamos criar). Bom, aqui vai um breve comentário das apresentações que eu assisti.

Com um pouco de atraso, as performances se iniciaram com "A Cadeirinha e Eu", de Silvia Moura. Apresentação que em junho desse ano completa 20 anos... Imaginem o quanto de processo ela já passou e ainda passa a cada espetáculo. Por ser uma performance pensada em um espaço circular, com o público em volta, foi necessária uma adaptação da artista. A Bienal disponibilizou uma grande palco italiano, e somente. A apresentação ocorreu no espaço do chão da praça em frente ao palco com o público sentado em cadeiras danificando a visibilidade da performance.

Em seguida veio "Cajuina", da Alysson Amancio Cia. De Dança. Apresentação com dois artistas que entram e saem do palco repetidas vezes. O figurino muda a cada entrada intercalada de falas e citações do interior cearense. Não consegui acompanhar o andamento das cenas representativas que misturavam conversas cômicas entre os atores e linguagens de dança diversas. Caixas preenchiam o espaço cênico que em alguns momentos foram abertas, sentadas em cima ou esquivadas. 

A Paracuru Cia. De Dança apresentou "Dois Pontos". Muitas sensações relativas ao amor me atravessaram. A primeira cena é um casal se beijando, acho que a partir daí eles declaram o que foi problematizado no decorrer das cenas. Muitos casais de ambos os sexos dançando juntos. Movimentos rápidos e fortes compondo um amor bruto. 

A última que eu vi, mas que não foi a última da noite, "A Cadeirinha e Eu" versão Fauller Cia Dita. Uma releitura da apresentação da Silvia Moura. A versão do artista foi em cima do palco, com vídeo ao fundo e um princípio de movimentação outro. Nenhuma interação direta com o público e um cuidado de segurar a cadeira semelhante ao de Silvia. Outros caminhos percorridos com o objeto cênico, outras sensações trazidas de um artista que vive um outro momento de sua carreira.

Tive que ir embora, mas na programação ainda tinha Edisca, lançamento de revista e show. Isso foi só um relato do que aconteceu, mas a Bienal é um espaço que deve ser utilizado pelos artistas locais e proporcionar uma troca entre os mais experientes que já traçaram muitos caminhos e abriram portas para outros e os que estão iniciando suas carreiras. Deveria pensar oportunidade, divulgação, criação e experiência, mas isso já é outra história.

Imagem do site da Bienal




8 lugares para leitura em Dança

Postado por Indira Brígido On quarta-feira, janeiro 15, 2014 0 comentários
Para você que vem de uma área totalmente diferente da arte: Veja que a dança pode ser pensada. Olhe a quantidade de pesquisa em andamento pelas universaidades do país. Procure no jornal um texto sobre aquela apresentação da noite anterior. Seja um público ativo da sua cidade. Cearenses, vocês sabiam que existe uma graduação em dança na Universidade Federal do Ceará? Existe muita dança a se questionar.

Aqui eu organizei, dos pouquíssimos que eu conheço, alguns sites de revistas, blogs, artigos acadêmicos e áreas de jornais destinadas à dança (preferencialmente da minha cidade). Eu não acompanho todos, mas são acervos disponíveis que a gente às vezes esquece lutando por um livro da biblioteca ou comprando alguns de preço não tão legal e que são bastante úteis para pesquisa de trabalho etc.

Esse site é voltado para o tema Crítica em Dança com escritas de espetáculos e divulgação de outros.

A ABRACE possui o GT (Grupo de Trabalho) de Pesquisa em Dança no Brasil com várias publicações e temas variados de professores, pesquisadores e alunos das universidades de todo o país que podem ser lidas aqui.

A Anda é recente e possui vários comitês temáticos com publicações que podem ser lidas aqui. O site está um pouco desatualizado, mas os artigos estão acessíveis.

4. idança
O site tem várias críticas de dança e divulgações também de performances nacionais e internacionais.

Uma espécie de blog organizado por alguns alunos da graduação em dança da Universidade Federal do Ceará - UFC. Os textos buscam a problematização de performances em arte. Inclusive eles organizaram uma lista gigante de sites sobre dança/performance.

Revista Científica Interdisciplinar da Graduação da Universidade de São Paulo - USP. É dedicada aos alunos dessa universidade com temas, escrito por eles no site, de "mídia, imprensa e comunicação social". Tem uma série de publicações e mantém-se ativa. Não encontrei publicações de Dança, mas outros temas da arte são abordados e podem ser lidos aqui.

Acervo online organizado por alunos da graduação em dança da UFC. Mantém-se atualizado e, importante para os estudantes da graduação, contém muitos textos pedidos pelos professores.

Jornal da cidade de Fortaleza. Os textos destinados às artes encontram-se no caderno Divirta-se. Não há crítica de espetáculos. O espaço limitado, característico da escrita jornalística, destina-se à divulgação de apresentações e textos descritivos. Na edição impressa há o caderno Vida e Arte que possui alguns textos e que raramente escrevem o sensível da obra em análise.

Esses são alguns, acho que dos mais conhecidos e dos mais próximos de mim (por causa da universidade e da cidade). Há textos voltados para o ambiente acadêmico, há textos direcionados para o público em geral. Enfim, 8 lugares de leitura em Dança para nós!








Estágio: VII Mostra Prodança 3/3

Postado por Indira Brígido On sexta-feira, outubro 05, 2012 0 comentários
Terceiro e último dia, uma palavra: confusão!

Jesus! Cheguei conforme o combinado, às 14hrs. Estava tudo tranquilo, vazio. Só teriam dois grupos se apresentando no teatro do Dragão. Tranquilo né? Não! O primeiro grupo não tinha nada mais nada menos do que 51 pessoas! Cinquenta e uma!! Não não, ainda não entenderam, dentre eles tinham dançarinos, músicos, organizadores e a Diretora, a Lurdinha. Meu Deus era muita gente, os equipamentos, os figurinos gigantes (ele dançam dança folclórica, então imaginem aqueles chapéus enormes cheios de fitas), e eles ainda tinha troca de figurino durante a apresentação deles. Ai ai, uma confusão mesmo...

Faltou crachá, certificado, pano de fundo branco, chave de camarim, caneta preta... Muito estresse. O segundo grupo eram apenas umas 6 pessoas que merecem ganhar o prêmio da Compreensão, eles não reclamaram de nada! Era uma apresentação bem mais calma em termos de barulho e cenário, nem pude assistir, eles não utilizavam as pernas (ou coxias), então a gente não poderia entrar pra ver de lá =(

Teve hora que eu passei no palco sob passarela, teve momento que eu fiquei na porta distribuindo panfleto, fui buscar a bolsa da Graçinha no auditório, fui buscar caneta preta na cantina do SESC com a Graça, saí correndo atrás da dona Rita que parecia ter aparatado do nada! Muitas coisas...

Enfim, no final, depois do grupo de 51 pessoas terem ido embora, a paz reinou novamente nos bastidores e a gente ficou sentado descansando escutando a música de acordeon da apresentação do Balé Baião.

Experiência maravilhosa! Conheci muitos artistas daqui e aprendi bastante de como se organiza esses eventos. Conheci pessoas muito boas que eu pretendo encontrá-las novamente nesse mesmo meio. Já vou atrás de mais estágios escravizadores que só os loucos pela dança aceitam!




  

Estágio: VII Mostra Prodança 2/3

Postado por Indira Brígido On sexta-feira, outubro 05, 2012 0 comentários


Segundo dia de trabalho foi bem legal, os organizadores no total eram três: Vevé, Fábio e eu. Teoricamente seria mais trabalho, mas os grupos foram ótimos.

Teve criança se apresentando, mas se comportaram bem direitinho, nesse dia os saquinhos dos lanches deram certo, e eu fiquei responsável para conferir a assinatura dos contratos (eu não sabia, mas os artistas vão ganhar dinheiro com a apresentação), dar os lanches, dar os crachás e no final dar os certificados... um bocado de trabalho né? Mas eu adoro! Pude chegar às 16hrs no Dragão já que o cenário não exigiria tanto (na verdade eu não ajudo em nada do cenário, isso fica pros técnicos do teatro...).

Fui mais eficiente e nem me mandaram pra porta! O pessoal da produção técnica já sabia meu nome e fui pegando o jeito do negócio. Novamente assistir os artistas se preparando foi muuito legal! Os grupos com pessoas muito simpáticas, e ainda encontrei um grupo formado por três que eram vegetarianas! Eu não assisto as primeiras apresentações, mas a última eu fico escondida nas coxias  (ou pernas, como também são chamadas).

Essa foto eu tirei da coxia na última apresentação chamada "Boa noite Cinderela", bem legal! Eu e a Vevé ainda tentamos ajudar em algumas partes, como procurar o sapato da bailarina que acabou voltando no palco sem eles, segurar copo, ajudar a vestir saia, passar bandeja e claro, o mais importante, iluminar o máximo possível com a luz do celular.


Teve um momento dessa apresentação que uma das bailarinas afastou a luz que tava atrás da coxia pra que ela pudesse entrar melhor, quando eu vi isso eu estranhei né? Sei lá, o pessoal passa um tempinho organizando as luzes, será que poderiam mexer desse jeito? A Vevé me falou que se eles não fossem os últimos, eles não poderiam fazer aquilo porque as luzes estavam afinadas, caso tivesse algum foco em um momento na apresentação, a luz iluminaria o local errado... legal né? As apresentações possuem mapa de luz (se eu não me engano o curso técnico possui cadeira só disso), com certeza um conhecimento disso faz toda a diferença em um espetáculo.

Bom, eu tirei fotos do mini espaço que é onde fica os bastidores:




Esses saquinhos azuis são os lanches (que a contagem nunca dá certo), aquele armário beje com duas portas é onde fica as coisas da dona Rita (também decorem esse nome, uma senhora que fica com a chave dos camarins e tem um olhar que parece desconfiar de tudo, ela ajudou bastante levando água pro pessoal). E nessa segunda foto lá atrás é o banheiro. Lá em cima ficam os dois camarins, e essa cortina preta no canto esquerdo da primeira foto é o acesso pro palco. Esse é o local que eu fico perambulando tentando ajudar na organização :)

Pois é, experiência muito boa que eu tô gostando cada vez mais, espero poder participar também como bailarina, tipo de experiência totalmente diferente.


Estágio: VII Mostra Prodança 1/3

Postado por Indira Brígido On quarta-feira, outubro 03, 2012 0 comentários


Bom, estou participando da VII Mostra Prodança como estagiária durante um período de três dias. O evento tem oficinas, palestras e apresentações em vários cantos da cidade. Eu fiquei no teatro do Dragão do Mar ajudando nas partes do camarim, ou pelo menos tentando ajudar.

obs: É um estágio voluntário totalizando mais ou menos 20 horas em três dias, realmente o que move o artista é a paixão...

Aqui tem o blog explicando a associação e a programação do evento.

O primeiro dia (que foi ontem, 02/10) foi bem legal. Eu cheguei no Dragão às 14hrs (conforme tinham combinado com a gente). Quando cheguei na porta do teatro não tinha ninguém além do segurança:

- Boa tarde moço, já chegou alguém da organização da Prodança?
- Quem?!
- Prodança!
- O que é isso?!
...
É claro que ele não tem obrigação de saber o que é, mas é um evento que tá acontecendo no local de trabalho dele né, mas enfim... Entramos no teatro e fui falar com um cara da iluminação, ele explicou que iria ter uma peça de teatro infantil de 14:30 às 16:00, e que tava combinado do pessoal da produção da Prodança  entrar só às 16hrs.

O que eu poderia fazer né? Fui esperar sentada na última fileira da plateia, até que outra estagiária, a Nayana (ou Naná) chegou do palco e veio sentar comigo. A gente ficou conversando até dar umas 15hrs, quando as crianças de algumas escolas  chegaram pra assistir a peça. As primeiras que entraram estavam de uniforme e cada uma acompanhada de dois adultos, são crianças diferentes. Lá fora depois chegaram váárias outras... criança é muito engraçada né? Pelo amor de Deus, me divirto só escutando as conversas.

Depois, lá fora a gente encontrou outra estagiária, a Bárbara (ela é da primeira turma do curso de dança da UFC). Sentamos na frente do teatro e ficamos esperando chegar as outras pessoas. Dá um tempinho e chega a Eveline (ou Vevé). Decorem esse nome, pessoa super simpática, gente boa e que aparenta conhecer todo mundo possível dentro da dança aqui no Ceará! Jesus! Qualquer um que aparecesse lá ou pra se apresentar, ou pra trabalhar, ou só de passagem, ela conhecia! Impressionante...

Quando deu umas 16hrs nós entramos no teatro pela porta do camarim, uma entrada pela lateral (notem que eu já estava me divertindo com aquilo, foi a primeira vez que eu entrei no teatro do Dragão). O espaço é médio, e os camarins masculino e feminino são em cima. Demorou um pouco pra eu conseguir uma tarefa, a
Graça Martins (ou Graçinha) só chegou um pouco depois (também decorem esse nome), ela é responsável pela Direção Geral, uma mulher super gente boa, atenciosa e muito simpática! Adorei ficar seguindo ela de um lado pro outro, a mulher é importante!

Depois foram surgindo algumas tarefinhas: Fui procurar cada pessoa responsável pelos grupos que iriam se apresentar no dia pra assinar o contrato (claro que eu não conhecia ninguém, me senti uma mongol nesse meio em que todos se conhecem e todos são muito amigos a muito tempo...), a Bárbara foi preencher os certificados de todos os bailarinos e coreógrafos do dia, nós fomos buscar os lanches que iriam ser distribuídos pra todo mundo, um lanche muito bom viu? Sanduíche de queijo, salada de frutas e chocolate serenata de amor! (teve um probleminha que ainda não tinha chegado os saquinhos pra dar o lanche dentro deles, os malditos não chegavam nunca! Até que a Graçinha resolveu dá-los sem os sacos mesmo).

Isso o camarim já estava entupido de gente andando de um lado pro outro. Meu Deus, eu AMO isso, essa correria, resolver problemas de última hora, buscar água no carro da fulana, dar absorvente pra bailarina x, ficar vendo os bailarinos se alongando, observar o nervosismo de cada um, cada grupo com uma roupa bem diferente, ou sem roupa. A escuridão quando começa! No final eu já tava tão cansada que eu me encostava na parede e fechava os olhos, só escutando a música da apresentação que tava acontecendo.

Tive acesso à muito gente importante da dança, e isso foi uma das coisas mais legais do dia. Eu realmente me senti uma menina de 10 anos assistindo tudo aquilo e tentando aprender ao máximo do que eu via. Eu ainda ganhei um crachá com o meu nome artístico ( viu? Decorem aí também, Indira Brígido) e embaixo escrito "estagiária" :P

Pois é, esse foi o primeiro dia que pode ser definido como tranquilo. A música de um grupo não tocou na hora, mas depois deu certo. Resumindo tudo, ocorreu tudo bem. Agora é se preparar pra quarta feira e tentar tirar mais fotos pra poder registrar melhor essa experiência né?



O Lago dos Cisnes de Matthew Bourne

Postado por Indira Brígido On quinta-feira, setembro 20, 2012 0 comentários

Nos dias 22, 23, 25 e 27 de setembro aqui em Fortaleza (e também em outras cidades), vai passar o filme "Matthew Bourne's Swan Lake" (eu ainda tô na dúvida se é realmente um filme ou se eu chamo mesmo de espetáculo... bom, ele foi filmado em 2011, mas estreou como espetáculo em 1995).

No site que conta tudo sobre essa releitura do Lago dos Cisnes também conta a história, os prêmios que o tal do Matthew Bourne ganhou como diretor e coreógrafo, tem várias fotos e vídeos, quem estiver mais interessado o site é esse.

O site conta que dois pontos principais permaneceram: a música é a mesma, do Tchaikovsky; e a história também é a mesma... só que não existe a Odette/Odile, o cisne principal é o Cisne/Estranho (também não entendi a barra, mas o cisne deve ser estranho). Não vou mentir que eu fiquei meio assim pra assistir, o clipe do ballet aparenta ser cômico... tipo a releitura do desenho Cinderela e o filme " A nova Cinderela". No mesmo vídeo aparece uma parte do elenco em um bar, as roupas são mais coloridas e soltas, e os bailarinos exageram demais na pantomima.



Ah sim, eu achei que só tivesse homens no elenco, errado! Tem homens e mulheres, só que todos os cisnes são homens, e eles não dançam na ponta. Cuidado pra não confundir com o ballet trockadero.
OBS: Homem calçando sapatilha de ponta não existe só nesse trockadero não, eu tenho um dvd do ballet Cinderela em que a madrasta da principal é interpretada por um homem com sapatilhas de ponta, sem problemas!

Olha só o que eu lembrei! Pra quem já assistiu Billy Elliot (alerta de spoiler) no final ele se apresenta como bailarino profissional sendo um cisne dessa releitura do ballet!

Olha o Billy de Cisne/Estranho!



Para comprar os ingressos clique aqui.

Gala Bolshoi

Postado por Indira Brígido On quinta-feira, setembro 06, 2012 0 comentários
Domingo passado fui assistir ao espetáculo Gala Bolshoi no Theatro José de Alencar, aqui em Fortaleza. A Companhia Jovem do Bolshoi está fazendo uma turnê no Nordeste e estrearam aqui dia 1º e dia 2 de setembro.

Eu tinha visto esse vídeo antes de ir e fui achando que iriam ser essas apresentações, só que eles mudam! Achei que a apresentação "Gala Bolshoi" fosse fixa. Inclusive a minha professora de ballet disse que as apresentações do sábado e do domingo foram diferentes.

Foi super bonito! Na minha cabeça só ficava pensando "Meu Deus! é o Bolshoi, Meu Deus! é o Bolshoi,é o Bolshoi, Bolshoi, Bolshoi, Bolshoi...". Não tem o que falar dos bailarinos né? Pelo amor de Deus, lindo demais, a técnica é de outro planeta (não que eu tenha técnica pra entender bem).

A que eu mais amei ( porque eu amei todas) foi a bailarina que dançou Carmen... Jesus! A menina tava super confiante, não tremeu o pé uma vez! Além de ela ser muito rasgada... sério, foi de emocionar. Ela interpretando a personagem foi de arrepiar mesmo. Eu só tinha assistido um vídeo de Carmen, o com a Svetlana Zakharova, esse.

O espetáculo também teve dança contemporânea, super bonito, mas ainda não entendo, ainda!  O espetáculo teve dois atos, o primeiro ato com clássico e uma dança de contemporâneo e o segundo ato foi só contemporâneo.

Para ser bem sincera, eu não gostei muito dos passos lembrando dança de salão, eu esqueci que era Bolshoi, e assisti uma dança legal, posso tá falando a maior besteira, mas eu não gostei muito. Os vídeos que eu assisti do Bolshoi da Rússia dançando o contemporâneo eu acho mais bonitos, olha esse aqui. "Ah, mas tudo tem sua beleza! É muito diferente! Não pode comparar!" Sim, eu concordo, mas os dois são contemporâneos e eu achei o do vídeo mais bonito, não entendo nenhum dos dois, mas esse me emociona mais, e aí? Não sei se eu posso falar assim, mas eu prefiro a proposta do vídeo, pronto.

Tem uma besteirinha que eu notei logo de cara quando abriram as cortinas, mas que eu adorei. O cenário deles super característico com a cortina branca lá atrás! Eu acho muito fofo, tem nesse vídeo.

Enfim, algum dia da minha vida eu vou assistir o Bolshoi lá no teatro Mariinsky apresentando O Lago dos Cisnes, vai demorar uns 15 anos, mas eu vou assistir! Espero que eu não tenha escrito besteira demais...

Foto da Noite:


Sobre

Estudante do 6º semestre de Dança Bacharelado na Universidade Federal do Ceará. Amante de ballet clássico e fotografia. O blog é um lugar para discutir e divulgar as danças que me atravessam.

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